CENTRO DE ARTES GRAÇA MORAIS
Tendo em consideração a dificuldade de articulação entre as duas parcelas existentes e a implementação de um programa funcional exaustivo, a formulação da proposta tem por princípio o respeito dos valores arquitectónicos e urbanísticos pré-existentes.
Se por um lado as premissas de concurso nos obrigam a uma reabilitação cuidada com o máximo de respeito pelos elementos existentes, tanto exteriores como interiores na casa principal de cariz erudito, após visita ao local apercebemo-nos que é de um todo que se trata – tendo grande importância não apenas a casa enquanto elemento arquitectónico isolado, mas sim enquanto elemento coerente dentro de um conjunto arquitectónico e urbanístico mais abrangente.
Esta observação in loco orientou-nos não só para a preservação da casa principal mas igualmente para a preservação da totalidade do edificado existente já que a mistura entre arquitectura erudita e popular/vernacular é uma característica especifica e recorrente na morfologia urbana de Vila Flor.
A existência de um logradouro no interior de quarteirão em pleno centro urbano, parece-nos igualmente ser um elemento paisagístico suficientemente forte a ter em atenção. Assim, e tanto quanto for possível, ele manter-se-à no local.
Os seus elementos próprios e coerência global serão preservados e a sua adaptação a novas funções será resultado de um esforço minucioso de intervenção de forma a preservar a memória da herança recebida do passado.
A manutenção da escala urbana em oposição a alguns erros óbvios decorrentes de intervenções megalómanas recentes na vila pareceu-nos a resposta mais justa para que Vila Flor se possa dotar de um futuro promissor, conciliador entre necessidade de modernidade e preservação de memória do passado/tradição.
O novo volume a construir será um objecto arquitectónico que deverá exprimir contemporaneidade condicionado por características envolventes para criar uma nova coerência global.
Esta metodologia de abordagem pareceu-nos, para alem de correcta e pertinente, ser a mais próxima dos princípios de abordagem expressa na obra artística da pintura de Graça Morais.
LOCALIZAÇÃO: Praça da República, Vila Flor, PortugalCLIENTE: Câmara Municipal de Vila FlorÁREA DE CONSTRUÇÃO: 1464 m2PROJECTO: 2009 (concurso)ARQUITECTURA: Pedro Mariguesa ArquitectosCOLABORAÇÃO: Ana Morgado + Hugo Formiga + Est. Ana OliveiraESTABILIDADE: Eng. Vasco FariasESPECIALIDADES: Graucelsius + Dedans Dehors (paisagismo)